Cardeal Meisner:
O mundo necessita sacerdotes convertidos, não engenheiros eclesiásticos
Roma, 09 Jun. 10 / 04:22 pm (ACI).- O Arcebispo de Colônia, Cardeal Joaquim
Meisner, recordou aos sacerdotes dos cinco continentes que para um presbítero
não pode haver algo mais importante que a conversão do próprio coração porque só
assim cumprirá com sua missão de transmitir a Cristo.
O Cardeal ofereceu a meditação “Conversão e Missão” diante de uns quatro mil
presbíteros de todo o mundo reunidos na basílica de São Paulo Extramuros, uma
das três sedes do Encontro Internacional com o qual termina o Ano Sacerdotal.
O Arcebispo destacou a importância de que os sacerdotes dediquem tempo à
confissão –tanto para administrar como receber o sacramento- e considerou que
uma das perdas “mais trágicas que a Igreja sofreu na segunda metade do século
XX” é a perda “do Espírito Santo no sacramento da reconciliação”.
“Quando os fiéis me perguntam: 'Como podemos ajudar os nossos sacerdotes?’ Eu
sempre respondo: ‘Vá e se confesse’”, acrescentou o Arcebispo e precisou que
“quando o sacerdote já não é o confessor se converte em um trabalhador
religioso”.
Para o Cardeal não basta querer “fazer somente correções às estruturas de nossa
Igreja, para poder fazer um show mais atrativo. Não é suficiente! O que se
precisa é uma mudança de coração, do meu coração. Só um Paulo convertido podia
mudar o mundo, não um engenheiro de estruturas eclesiásticas”.
Quando o sacerdote leva “o estilo de vida de Jesus”, chega “a ser recebido por
outros. O obstáculo maior para permitir que Cristo seja recebido por nós, por
outros, é o pecado. Previne a presença do Senhor em nossas vidas e, portanto,
para nós não há nada mais necessário para a conversão, e isto, também para a
missão”.
“Isto se dá através do sacramento da penitência. Um sacerdote que não fica, com
freqüência, ao outro lado da grade do confessionário sofre um dano permanente em
sua alma e sua missão”, indicou e considerou que “aqui vemos sem dúvida uma das
principais causa” das múltiplas crises do sacerdócio nos últimos cinqüenta anos.
“Quando o sacerdote deixa o confessionário, entra em uma grave crise de
identidade”, acrescentou e explicou que “freqüentemente nós não gostamos deste
perdão expresso”.
“Por que um sacramento, que evoca uma alegria tão grande no céu na terra evoca
tanta antipatia?”, questionou e recordou que “só com a humildade de uma criança,
igual aos Santos, vamos assumir com alegria a diferença entre nossa indignidade
e a magnificência de Deus”.
Neste sentido, revelou que para ele “a maturidade espiritual de um candidato ao
sacerdócio, para ser ordenado, faz-se evidente se ele recebe regularmente o
sacramento da reconciliação. Porque é no sacramento da penitência que me
encontro com o Pai misericordioso que tem os dons mais preciosos”.
“Estar aí, em ambos os lados da grade do confessionário, permite-nos, através de
nosso testemunho, fazer que Cristo seja percebido pelas pessoas. Para perdoar de
verdade, necessitamos muito amor. O único perdão que realmente podemos dar é o
que recebemos que Deus”, acrescentou.
O Encontro Internacional de Sacerdotes é promovido pela Congregação para o Clero
com o tema “Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote” e foram convidados
“todos os presbíteros do mundo” para a conclusão do Ano Sacerdotal, convocado
pelo Papa Bento XVI no 150° aniversário de São João Maria Vianney.
Os lugares de celebração desta entrevista são as basílicas de São Pablo
Extramuros, a de São João de Latrão, estas duas unidas por videoconferência, e a
de São Pedro.